Eu disse assim em algum lugar de meu texto sobre meu passado:
"Por uma conjunção de forças aleatórias, sou um sul-americano. Um brasileiro. Um paulista. Um conchalense, e por fim, um tujuguabano. Esta constatação requer alguma explicação. Sou antes um ser humano. Como, então, vim a ser quem sou?"
Sou apenas um rapaz latino-americano, sem amigos importantes, sem dinheiro no banco, e vindo do interior. É o que diz a letra da música de Belchior, o cantor com bigode farto e que parece que sintetizou com perfeição em poucas palavras a vida de milhões de rapazes desta vasta e pobre América Latina, e por que não, do mundo todo.
Quando somos exortados a conhecer nosso passado para que possamos atingir aquele futuro que almejamos, não somos exortados apenas a saber o dia de nosso nascimento, nem as escolas que frequentamos, e os empregos que tivemos. Esta abordagem é insuficiente.
É preciso que saibamos, e admitamos, e aceitemos, que somos latino-americanos, sem dinheiro no banco, sem amigos importantes, e vindos do interior.
Ao aceitarmos nossa latinidade, somos forçados a admitir: não se pode viver sem entender política.
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